terça-feira, 6 de novembro de 2012

Explosão do Cambriano!

Aproveitando que estamos tratando de fósseis, faz algum tempo queria fazer uma postagem sobre um evento que marcou (literalmente nas rochas) a história evolutiva do planeta: a Explosão do Cambriano!


A Explosão Cambriana foi um evento na história da vida, registrado por fósseis depositados em extratos de cerca de 550 milhões de anos, durante o período Cambriano, quando subitamente houve uma explosão na biodiversidade do planeta. A maioria destes animais não deixaram descendentes, tendo muitos deles formas bastante diversas das encontradas nos animais modernos. Até o início do Cambriano, a vida na Terra consistia basicamente de algas, bactérias, protozoários, celenterados e poríferos. Entretanto, num curto espaço de tempo na escala geológica (estimado em 5 milhões de anos), surgiram praticamente todos os filos animais conhecidos, inclusive os precursores dos vertebrados, além de outros que a ciência não consegue classificar, todos eles organismos marinhos. O registro da existência destes seres é evidenciado através de fósseis encontrados em poucos lugares do mundo, como em Burgess Shale, no Canadá, descoberta por Charles Walcott. Formas de vida bizarras tomaram lugar nos oceanos, juntamente com trilobitas, crustáceos, moluscos, anelídeos, equinodermos, e outros filos animais existentes hoje em dia. Animais como os Hallucigenia (não se sabe a que filo pertencia), que possuíam sete pares de espinhos numa face e sete tentáculos terminando em vigorosas pinças na outra (não se sabe qual seria seu dorso ou seu ventre), com um prolongamento em forma de tubo ou cilindro em uma extremidade e um espessamento na outra (não se sabe qual seria sua parte anterior ou posterior); os Opabinia, com cinco olhos em sua cabeça e um órgão que dela se projetava, terminando numa extremidade bifurcada; o Anomalocharis, um predador de 60 centímetros de comprimento, semelhante a um artrópode; e o Pikaia, um verme possuidor de uma corda cartilaginosa ao redor de um nervo dorsal, provavelmente o primeiro cordado. O único grupo de animais com um bom registo fóssil que só apareceu depois do Cambriano foi o filo Bryozoa, cujos exemplares mais antigos pertencem ao Ordoviciano Inferior. Os fósseis conhecidos por Biota Vendiana (ou "biota Ediacarana"), que incluem animais com espículas como as das esponjas e possivelmente tubos de vermes, apareceram no período que antecede o Cambriano, mas a localização destes fósseis nos filos atualmente conhecidos ainda está longe de estar esclarecida. O que não há dúvida é que o Cambriano foi uma época de extraordinária inovação e evolução, não só em termos do número de espécies, mas também no desenvolvimento de novos nichos e estratégias ecológicas, tais como a predação ativa, a construção de abrigos subterrâneos complexos e a aparição ou diversificação das algas mineralizadas de vários tipos, como as algas coralinas e as dasicladáceas verdes. A Explosão Cambriana desperta a curiosidade dos cientistas, que questionam como a vida teria, após milhões de anos de estabilidade e pouca diversidade, subitamente gerado organismos tão diversos em um espaço tão curto de tempo, e por que isto jamais voltou a ocorrer. Alguns argumentam que, após milhões de anos gerando oxigênio através da fotossíntese, as algas tenham permitido o surgimento de organismos aeróbicos complexos, que demandavam de mais oxigênio para suas atividades do que as medusas e esponjas. Outros sugerem que cargas excepcionais de radiação emitidas por fontes externas tenha provocado mutações genéticas em altos índices, ocasionando as mudanças morfológicas aleatórias observadas nos fósseis. Boa parte dessa diversidade (extima-se em 85% de toda a vida no planeta) se extinguiu ainda no Cambriano, há cerca de 490 milhões de anos, e alguns planos de organização nos animais jamais foram vistos novamente. Sua extinção em massa é mais facilmente explicada através de uma mudança brusca no clima do planeta (uma glaciação, ou um efeito estufa, talvez o impacto de um asteroide), que teria abalado os ecossistemas adaptados às condições anteriores, e selecionado organismos mais adaptáveis a essas mudanças. Abaixo uma música sobre a Explosão Cambriana composta pelo canadense John Palmer, um professor de música que acabou dando aula de ciências no ensino fundamental. Não temos legendas, mas ele conta bem a história desse importante evento evolutivo!

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