quinta-feira, 19 de julho de 2012

Truvada

O governo americano autorizou, pela primeira vez, que um medicamento seja usado para impedir a infecção de seres humanos pelo HIV, vírus causador da Aids. Trata-se do Truvada, uma única pílula que combina duas substâncias, hoje vendida como remédio para pessoas portadoras do HIV. Uma série de testes internacionais, envolvendo milhares de pessoas, tanto heterossexuais quanto homossexuais, mostrou que, além de controlar infecções já existentes, o Truvada tem um papel preventivo, diminuindo em 70%, em média, o risco de adquirir o vírus. Justamente por esse resultado animador, embora longe de ser perfeito, especialistas pedem cautela. É improvável que o Truvada substitua o uso da camisinha como principal medida de prevenção contra o avanço da Aids. Além disso, é preciso considerar, entre outras coisas, o custo do tratamento (em torno de R$ 20 mil por ano) e o risco de efeitos colaterais: como náusea, vômito e diarreia. Mais raramente, também podem ocorrer problemas nos rins e maior propensão a ter osteoporose. Em resumo, não se trata de um profilático de uso geral, mas de uma medida para ajudar quem já corre risco muito elevado de se infectar. Ambos os componentes do Truvada, o tenofovir e a emtricitabina, pertencem a uma das classes mais populares de substâncias anti-HIV. São os chamados inibidores de transcriptase reversa e, em outras palavras, bloqueiam a molécula que o vírus usa para "inscrever" seu próprio material genético no DNA das células humanas. Quando o vírus consegue fazer isso com sucesso, diz-se que ele se "integrou" ao genoma do hospedeiro. O processo transforma, em certo sentido, as células humanas em escravas produtoras de vírus. E torna praticamente impossível eliminar o parasita do organismo, por isso é tão importante impedir que a integração viral ocorra. Para Esper Kallás, infectologista da USP, embora nenhum remédio substitua o preservativo, ele será de grande contribuição pois permite um aumento do arsenal que temos à nossa disposição para o combate ao HIV/Aids, mas nada invalida o uso do preservativo e o diagnóstico.


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