quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Perda de Banco Genético!

Queima da Floresta da USP (Ribeirão Preto)

Fotos: F.L. Piton / A Cidade

Ontem (16/08/2011) foi um dia triste. Como toda terça-feira, fui até a Filô-USP para reunião do grupo de pesquisa aonde desenvolvo meu trabalho de doutorado. Chego lá por volta das 17hs e o que vejo parece cena de filme. Um helicóptero dando rasantes no lago, coletando água e levando para a floresta. Policiais, bombeiros e seguranças correndo pra lá e pra cá. Professores, pesquisadores e alunos sem saber exatamante o que estava acontecendo. Uma nuvem cinza no ar, tomando conta das ruas da campus. Meus olhos ardendo, minha garganta fechando e minha cabeça começando a doer. Parece que estou exagerando, mas não estou.


Um incêndio (ainda de causa desconhecida) atingiu cerca de 30 hectares de um total de 75 hectares da Floresta da USP onde estava localizado o banco genético da instituição.  Guardadas as devidas proporções, a perda da USP é a mesma que aconteceu com o Instituto Butantã, quando um incêndio destruiu a maior coleção de cobras, aranhas e escorpiões do mundo, em maio do ano passado.  O incêndio, que começou por volta das 13 horas de ontem, atingiu parte da floresta, onde está localizado o banco genético de biodiversidade. Lá estava armazenada uma coleção viva de espécies encontradas nas bacias do Rio Pardo e Rio Mogi, na região de Ribeirão Preto. Foram perdidos, segundo a USP, material genético de insetos, aves, ninhos de passarinhos, além de árvores de várias espécies, com sementes de origem conhecida e qualidade garantida, a fim de recuperar áreas degradadas. Além da floresta, foi atingido também parte do espaço destinado à ampliação do campus.



Abaixo deixo uma mensagem que recebi da Profa Dra Elenice Varanda, a principal responsável pelo início do reflorestamento da Floresta da USP vinte anos atrás e pela consolidação do banco genético que queimou. Estou comovido com a situação e ajudando a divulgar a perda deste inestimável banco de espécies vegetais que era considerado um imenso patrimônio biológico.

Caros colegas. Ainda não temos uma avaliação do estrago que foi feito com a queimada que aconteceu na Floresta hoje. Ainda estou ouvindo o motor do helicóptero que está levando água do lago para apagar o fogo. Peço que todos ajudem a divulgar que não foi uma "matinha" que queimou mas sim o único banco genético de espécies de mata mesófila semidecidual do Brasil que tem como um de seus objetivos fornecer sementes para produção de mudas de alta qualidade genética para recuperação de áreas degradadas na região. E vocês sabem como está nossa região em matéria de remanescentes, não? Pouquíssimos, pequenos, rodeados de cana por todos os lados e com grande efeito de borda. Em anexo coloquei um resumo que tinha preparado para enviar a um simpósio sobre restauração ecológica que acontecerá em novembro que contém as informações sobre o banco genético. Vou ter que modificá-lo! Convençam as pessoas que não estamos perdendo uma "matinha" mas sim uma coleção viva de espécies de nossas raras matas. Que foi plantada com mudas feitas de sementes de 400 remanescentes da Bacia do Pardo-Mogi. Podemos comparar, embora os números sejam menores, com a perda da coleção do Butantã. Todos os que ajudaram a implantar esta Floresta agradecem. Abraços a todos.

Reportagem EPTV

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