terça-feira, 19 de junho de 2012

DarwinTunes

Música e Seleção Natural!


Pesquisadores do Imperial College de Londres desenvolveram um programa de computador chamado DarwinTunes para estudar como a música evolui no mundo da seleção natural e descobriram que o que antes era ruído pode se tornar um som agradável, com algumas adaptações. O resultado do estudo foi divulgado esta semana na versão online da revista “Proceedings of National Academy of Sciences”, publicação oficial da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos. Segundo o bioinformático Robert MacCallum, principal autor do trabalho, a música – de Mozart a Beatles – evolui à medida que os ouvintes se acostumam com sons que, inicialmente, parecem estranhos ou até chocantes. E, assim que uma melodia se torna agradável demais ou tendência, os artistas procuram atacar em novas direções para inovar e emocionar. O DarwinTunes produz sequências de oito segundos de sons gerados aleatoriamente, a partir de uma base de dados com “genes” digitais. Em um processo semelhante ao que ocorre na reprodução sexual, as alças trocam pedaços de código genético para gerar “filhos”. Mutações surgem enquanto esse novo material é inserido. As alças “filhas” retêm a qualidade do som, a agudeza e o ritmo dos “pais”, mas com um material adicional único. No mundo natural, o DNA de dois pais não é transmitido aos descendentes ao acaso: a criança recebe uma cópia de cada gene dos progenitores, que funciona quando, onde e como devem. De acordo com MacCallum, a experiência não traça um retrato real de como a música muda naturalmente, com novos e estranhos padrões sonoros que são considerados satisfatórios e até se tornam comuns. Uma explicação, segundo o pesquisador, é que são os compositores e os letristas que determinam o que as pessoas ouvem, e o público se acostuma com isso. Um único usuário que gira botões para conseguir um som agradável é como um criador de cães de uma raça pura selecionando características particulares. E o programa não evidencia como a música evolui no mundo exterior, como as pessoas a ouvem, passam adiante e recomendam aos amigos. Os pesquisadores adaptaram o programa para ser acessado online por quase 7 mil participantes, que classificaram cada alteração de som em uma escala de cinco pontos: desde "não posso suportar" até "amo". Em uma experiência musical de sobrevivência do mais apto, os trechos mais marcados passaram a se emparelhar com outros e a se replicar. Cada geração resultante foi avaliada novamente. Depois de cerca de 2.500 gerações de alterações de som, o que começou como uma “cacofonia” de barulhos evoluiu para linhagens agradáveis de música. "A evolução da música levou à criação de sons agradáveis e jingles, mas que não precisam necessariamente comover todo mundo", afirma o pesquisador. Ele acrescenta que a reprodução computadorizada também tem seus limites. Por exemplo, uma música não se torna mais bonita por tempo indeterminado: ela atinge um patamar em que permanece estável, em um nível inofensivo. É um "efeito platô" dos sons. Agora, o DarwinTunes deve fazer uma experiência de forma mais controlada e poderá produzir músicas ainda mais interessantes, de acordo com MacCallum. No futuro, os pesquisadores esperam permitir que até 1 milhão de usuários se cadastrem e participem do programa. "Ter uma grande quantidade de pessoas ajudará a música a evoluir muito mais rápido" destaca o autor do estudo. Abaixo o link para o DarwinTunes e para o artigo científico (em inglês) produzido a partir dessa pesquisa:

http://darwintunes.org/
http://www.pnas.org/content/early/2012/06/12/1203182109.full.pdf+html


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