Uma das mais importantes redes mundiais de defesa do meio ambiente, a WWF, reagiu com insatisfação ao rascunho do documento final da Rio+20 divulgado hoje. Segundo a secretária geral do braço brasileiro da organização, Maria Cecília Wey de Brito, o texto "não conseguiu passar nem perto do futuro que queremos". "Acho que os chefes de Estado têm o dever de aprofundar as ações do documento final, senão vão fazer um papel que envergonha o nosso futuro", declarou. "Os chefes de Estado vão precisar fazer um trabalho duro porque os negociadores não fizeram nada além de chegar a um consenso", afirmou a ambientalista, que ainda tentou demonstrar um pouco de otimismo sobre a evolução do documento nos três dias derradeiros da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável. A WWF Brasil ficou particularmente desapontada porque, ao mesmo tempo em que a conferência que ocorre no Rio de Janeiro vetava um fundo de US$ 30 bilhões anuais para a implementação de iniciativas que difundissem o desenvolvimento sustentável, o G-20 reunido em Los Cabos , no México, estabelecia um fundo de US$ 400 bilhões para salvar a economia global.
CEBDS
Já o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) emitiu nota em que diz que "o texto ainda não reflete o senso de urgência necessário para acelerar o processo de migração das empresas para um modelo de desenvolvimento sustentável". Para o conselho, há um visível descompasso entre o mundo real e o mundo político. O CEBDS elencou cinco elementos essenciais para direcionar os negócios para uma economia verde que ficaram faltando: transparência (reportar o desempenho em sustentabilidade é um ponto de partida importante no gerenciamento das questões socioambientais), estímulo a mercados (segundo o conselho, está comprovado que as ações de redução das emissões de gases de efeito estufa conduzidas pelo mercado foram mais eficientes e com custos mais baixos), precificação (se fosse precificado investimento sustentável, tecnologias de alta intensidade de carbono seriam preteridas), incentivos e taxas para promover investimento de longo prazo em sustentabilidade e ferramentas para deburocratizar as parcerias público-privadas.
Greenpeace (Rio menos 20)
O rascunho do documento final é ‘patético’ e pode levar a Conferência sobre Desenvolvimento Sustentável ser chamada de ‘Rio menos 20’. A crítica foi feita pelo diretor-executivo do Greenpeace Internacional, Kimi Naiddo, durante o debate no Rio+Social, que acontece nesta terça-feira (19), em um hotel no Rio. “A negociação que foi até as 3h da madrugada é um texto patético, uma traição, e é por isso que estamos chamando essa conferência não de Rio+20, mas, talvez, de Rio menos 20”, afirmou Naiddo. Ele defendeu o ativismo ambiental como caminho para uma maior mobilização da sociedade e de pressão contra os governos para a implementação de ações concretas em prol da sustentabilidade. Segundo Naiddo, está prevista para esta quarta-feira (20) uma "grande marcha" de ONGs nas ruas do Rio em defesa de maiores compromissos dos países na defesa do meio ambiente. Para o ativista, é preciso pensar "fora da caixa" para resolver os problemas do mundo, bem como rever o modelo econômico baseado apenas em "mais mercados, mais produtos e mais dinheiro". "Temos que fazer mais com menos", afirmou Naiddo.
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